Cuidando do Paciente
CUIDANDO DO PACIENTE
Ser um cuidador e ver alguém que você ama doente sofrer é muito difícil. Você poderá sentir as mais diversas emoções desempenhando o papel de cuidador, como ansiedade, depressão, luto, culpa e frustração.
É fundamental que você identifique seus sentimentos. Ignorá-los pode ser muito perigoso, pois, geralmente, isso não os faz desaparecer. Pelo contrário, podem tornar-se incontroláveis e deixar você emocionalmente estressado e incapaz de manejar a situação, sozinho.
- Observe sinais de ansiedade, depressão, raiva ou estresse.
- Tente manejar apropriadamente os sintomas.
- Procure ajuda profissional, se não conseguir sozinho.
- Converse com amigos íntimos ou familiares sobre seus sentimentos.
APRENDA COMO EVITAR ESCARAS E SAIBA TRATAR AS JÁ EXISTENTES
Escaras de Decúbito
Escaras de decúbito ou úlceras de pressão são lesões cutâneas decorrentes da compressão e a consequente falta de oxigenação e nutrição dos tecidos (pele, mucosas e tecidos subjacentes) em pacientes que permanecem acamados, na mesma posição, por longos períodos.
Os primeiros sinais aparecem nas áreas próximas de grandes proeminências ósseas, como na região sacro-coccígea (final da coluna), calcanhares, cotovelos, joelhos, nádegas, lateral externa da coxa, entre outras.
As ulcerações surgem na forma de um pequeno eritema, que pode evoluir rapidamente para a fase seguinte, com a formação de vesículas que, em seguida, necrosam. Tendem a aumentar de tamanho se a região não for protegida e, principalmente, se não for diminuída a pressão sobre a área, pela mudança de posição.
Por isso, recomenda-se massagear ao redor das regiões avermelhadas com creme hidratante e/ou antisséptico até que a coloração da pele tome o aspecto normal, para estimular a circulação de sangue e a consequente oxigenação e nutrição da área.
Uma escara pode aparecer em poucos dias e progredir rapidamente, mas para cicatrizar pode levar meses. A principal complicação da escara é a infecção que inicialmente é local, mas pode disseminar-se. Outra complicação é a infecção óssea (osteomielite).
Além de sofrimento físico, dor e desconforto, o odor, proveniente das ulcerações, é extremamente desagradável não só para o paciente, como também para os que o cercam.
Fases de evolução da escara:
1. Eritema (vermelhidão);
2. Edema (inchaço);
3. Isquemia (irrigação sanguínea deficiente);
4. Necrose (morte dos tecidos).
Principais fatores de risco para o desenvolvimento de escaras:
- Limitação dos movimentos;
- Estados nutricionais debilitados;
- Nível de consciência comprometido;
- Perda da sensibilidade tátil e/ou térmica;
- Umidade (paciente muito tempo molhado por suor, urina e fezes);
- Falta de asseio;
- Excesso de calor ou frio.
Medidas de prevenção
- Usar protetores de espuma (caixa do ovo), rolos e almofadas nas áreas de maior risco;
- Colchões de ar, gel ou de alpiste apoiam o corpo de forma correta, ajustando-o com perfeição em toda a sua extensão, sem causar pressão excessiva;
- Manter o paciente fora do leito sempre que possível;
- Evitar superposição dos membros do paciente;
- Mudar o paciente de posição constantemente (de 2 em 2 horas);
- Manter a cama sempre limpa, seca e os lençóis bem esticados e livres de migalhas;
- Retirar imediatamente qualquer roupa úmida;
- Proteger a pele com película transparente, hidrocolóides etc. onde haja pressão das saliências ósseas e/ou contato com aparelhos gessados ou mecânicos;
- Zelar pela higiene pessoal do paciente;
- Fazer massagem com vaselina, óleo ou creme à base de camomila, ácidos graxos essenciais (AGE), óxido de zinco etc.;
- Executar movimentos passivos nos membros do paciente;
- Cuidar do estado geral do paciente, oferecendo-lhe alimentos ricos em proteínas, sais minerais e vitaminas.
Medidas terapêuticas
A manipulação de doentes portadores de escaras de decúbito exige cuidados especiais, não apenas da enfermagem, como também dos familiares.
- Caso o procedimento esteja sendo feito em domicilio, solicitar orientação do médico sobre a evolução do quadro;
- Observar sistematicamente o aspecto externo do curativo quando das mudanças de decúbitos;
- Na presença excessiva de secreção, proceder à troca do curativo, independentemente de estar no horário para trocá-lo.
Como fazer o curativo:
1. Lavar as mãos em água corrente;
2. Usar detergente antisséptico e/ou sabão neutro;
3. Calçar luvas de procedimento;
4. Remover o adesivo do curativo anterior com óleos e/ou cremes hidratantes, tomando cuidado para soltar os pelos aderidos e observar reações alérgicas;
5. Fazer a antissepsia da ferida com gaze embebida em soro fisiológico (se possível, morno), fazendo movimentos de dentro para fora (nunca fazer movimento no sentido de fora para dentro da ferida, o que poderá contaminá-la ainda mais);
6. Com outra gaze seca, remover as secreções e os restos de tecido necrosado;
7. Descartar a gaze após uso;
Obs.: caso o curativo seja realizado no momento do banho, utilizar sabonete líquido antisséptico, cuidando para não deixar resíduos;
8. Fazer o curativo usando o produto indicado: papaína, hidrogel, AGE etc.;
9. Fazer um curativo secundário com: gazes (de preferência não aderentes), absorventes femininos, atadura de crepe etc.;
10. Retirar a luva e lavar as mãos;
11. Deixar o paciente bem acomodado e confortável, evitando posição que comprima a área da lesão;
12. Fazer mudanças de decúbitos para evitar complicações nas escaras existentes, e prevenir o surgimento de outras;
13. Trocar o curativo sempre que necessário.
Consultoria:
Valéria Brazoloto
titulada pela SOBENDE - Sociedade Brasileira de Enfermagem Dermatológica
Ilustrações:
Caio Borges