Uma luta pela vida
O paciente com câncer precisa de atendimento humanizado, de uma mão amiga, precisa ser respeitado e tratado como ser humano. Independentemente dos limites físicos e psicológicos que a doença impõe ao portador de câncer, é preciso se lembrar de sempre de que ele respira, emociona-se, sofre e luta pela vida.
Na ABRACCIA são inúmeras as pessoas de bom coração que acreditam que toda e qualquer pessoa necessita ser bem cuidada e vista como ser humano. É por isso que a Associação presta um atendimento multiprofissional ao paciente com câncer. A psico-oncologia é uma das especialidades oferecidas ao paciente e também a seus familiares.
Alexandre Mantovani, 28 anos, é psicólogo, começou a trabalhar na ABRACCIA como voluntário quando ainda era estudante, e ficou até se formar. Afastou-se por dois anos para se especializar e retornou à ABRACCIA, no ano passado. Como uma mão amiga puxa a outra, foi assim que Alexandre trouxe Carina Cella Panaia, 29 anos, também psicóloga, para atuar com ele no projeto de atendimento domiciliar aos pacientes oncológicos e seus familiares. “Eu já desenvolvia esse atendimento domiciliar com outros profissionais que atuavam em 2001 na ABRACCIA. Hoje, eu e Carina estamos dando sequencia a esse trabalho, agora com muito mais experiência. Pretendemos estender a psico-oncologia aos leitos de hospitais, como os da Santa Casa, por exemplo.”, diz Alexandre.
A Psico-oncologia, surgiu da necessidade de se criar Alexandre e Carina: atendimento de psico-oncologia à pacientes da ABRACCIA e familiares um espaço de acolhimento aos pacientes com câncer, para amenizar os desgastes provocados pela doença e pelo tratamento a que são submetidos. “Toda essa situação gera consequências psicoemocionais ao paciente e seus familiares. A Psicologia tem a função de oferecer um entendimento para equilibrar a situação emocional do paciente e da família”, relata o psicólogo.
Os atendimentos acontecem às quartas-feiras. De lar em lar, os psicólogos levam ajuda. A doença é a mesma: o câncer. Mas em cada paciente ela gera uma situação familiar peculiar. Segundo Carina, o atendimento domiciliar tem sido bem aceito. “No começo existe certa resistência. Procuramos respeitar e trabalhar com os que nos dão abertura. Este trabalho não pode ser um atendimento imposto ao paciente: ele tem que querer”. Alexandre complementa: “É um trabalho muito enriquecedor, tanto para o paciente quanto para nós. O paciente precisa de alguém que o escute, pois quer transmitir o que sente para uma pessoa que vai ouvi-lo de forma profissional”. O atendimento psco-oncológico dessa equipe tem menos de um ano, mas já apresenta resultados positivos. “Ao longo do atendimento vamos percebendo a melhora, mudanças no ânimo do paciente, na forma de encarar a situação. Até mesmo o processo familiar muda”, analisa Alexandre. Uma frase sempre presente na vida desses profissionais é a seguinte: “trabalhar com pacientes oncológicos é lutar pela vida”.